Mulheres após se tornarem mães, lidam com as dores da maternagem e o processo de se conhecer novamente. Nas redes sociais, muitas fazem desabafos, desmistificam o 'padecer no paraíso', compartilhando o sofrimento que nasce junto com o bebê, fomentando a discussão em torno da maternidade real.
Mãe de David com 14 e Anne com 6, a jornalista Dilany Silva, diz amar os filhos, mas a maternidade é um parto para ela: ”É muito culposo falar isso. [A mulher] Vai ser tachada como mãe ingrata, egoísta, cruel. É uma sociedade inteira apontando o dedo desde que você engravida, diz ela. Dizer isso fere as pessoas. Não deveria, pois a maternidade não é esse paraíso que pintam”, enfatiza ela.
Para Aline Monteiro, mãe de Eloyse e Elias e também fotógrafa, trabalhar com mulheres nesse momento de suas vidas é um divisor de águas. “Muitas chegam fortes e resolvidas, outras frágeis e totalmente inseguras'', diz ela. Lidar com as exigências que o mundo faz de ser mulher e mãe é sem dúvida um desafio. “Precisamos estarmos bonitas, amar a barriga, os enjoos e as noites sem dormir. O padrão de beleza também está estereotipado na gestação, meu papel tem sido ressaltar a grandiosidade que é gerar a vida e esse é digno da mulher, desde que ela queira”, diz a fotógrafa.
Diante dos desafios que encontrou na própria maternidade/puerpério, Maria Alina, criou a Maternari Consultoria. “Diante da minha própria necessidade de conhecimento, ajuda e apoio no período puerperal, comecei o trabalho com mães e famílias modernas acolhendo, informando e direcionando ações através de evidências científicas mas com a empatia de antigamente. É necessário que nós mulheres tenhamos uma maternidade mais tranquila, direcionada e feliz”, enfatiza ela.
A maternidade também quebra com o mundo da mulher que sempre existiu antes de ser mãe. "Ser mãe é uma proposta de aniquilação da mulher. Quando a mãe vem, a sociedade mata a mulher, mas como ela não morre, a gente caminha com depressão, angústia, que alimenta depressão pós-parto", diz uma das mulheres entrevistadas e que não quis ser citada. A jornalista, Dilâny Silva relata que, desde a gravidez, era excluída de forma sutil de seus círculos sociais, como se a maternidade não pudesse fazer parte do mundo. A postura é contraditória, uma vez que existe a pressão para a maternidade.
Num mundo onde as mulheres têm buscado cada vez mais o seu espaço de representatividade e de fala, é importante ser lembrado que uma mulher pode não querer ser mãe e uma mãe também continua sendo mulher.
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