A identificação das capacidades femininas tem sido reiteradamente abordada nos últimos tempos como algo fundamentalmente novo, surgido há pouco. Desconsideram-se, assim, as muitas contribuições das mulheres para o avanço e progresso da sociedade.
A partir das muitas distorções impressas ao conceito de empoderamento feminino, busca-se negar que a grandeza do ser mulher é inerente a própria condição humana e, portanto, tão antiga quanto. E, nesses moldes, esse tipo de exaltação social é uma forma velada de violência.
Contudo, mesmo nesse viés contraditório, é possível enxergar algo positivo: pelo destaque (ainda pequeno, é bem verdade) dado as suas conquistas, as mulheres fazem uma releitura do próprio poder, através de quatro abordagens práticas: conhecimento, liberdade, autonomia e participação.
O conhecimento traz à tona as problemáticas que buscam inferiorizar o feminino e abre o caminho para a mudança do que não agrada. A par disso, mulheres se reconhecem singulares e entendem que uma tentativa de abordar a sua essência de força homogênea não pode ser admitida. Ao passo que admitem a necessidade de exercitar a empatia em face de outras mulheres, exaltam aquilo que as tornam únicas.
Compreender a realidade individual e social confere a liberdade de escolha, pelo rompimento com o padrão arcaico e dominantemente masculino. Entretanto, essa liberdade exige participação, que pode ser alcançado através de uma fórmula básica: a soma de propósito e protagonismo.
O propósito de alcançar o reconhecimento de sua dignidade e o postura combativa e de reivindicação dos seus anseios redefiniram estruturas sociais e conferiram às mulheres, apenas para citar alguns exemplos, o direito de estudar, trabalhar, escolher seus representantes através do voto e ainda ter garantida sua integridade física, psíquica, moral, sexual e patrimonial através de leis específicas que definem sistemas de combate à violência.
Essa fórmula básica não é e não será jamais uma fórmula pronta, acabada. O velho poder exige sempre novas formas de implementação. A variável do propósito sempre irá exigir de nós a auto avaliação e a definição de objetivos pessoais e de cunho social. O protagonismo sempre haverá de nos revelar a necessidade de ação constante, diuturna, para que as portas fechadas sejam abertas e as passagens já abertas sejam cada vez mais alargadas, a nos beneficiar e a constituir o legado que deixaremos para as próximas gerações.
- Danielle Lucena (daniellelucenaadv)
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